09 março, 2015

Laughbanging entrevista Bizarra Locomotiva

“Escumalha”, prestem bem atenção! “Mortuário” é o titulo do novo álbum de Bizarra Locomotiva, bem como um péssimo nome para um hostel.
Cruzámo-nos com Miguel Fonseca num apeadeiro e aproveitámos para revisitar os 22 anos de carreira desta Locomotiva. Caramba! 22 anos é obra, ainda para mais se tivermos em conta que nunca fizeram greve (chupa Refer!).


Nesta locomotiva há algum “pica”? Se sim, qual a pena para quem viajar sem bilhete?
Tivémos uma vez o Tó Pica como convidado especial no Vagos Open Air.
Temos uma boa série de vagões de carga, por isso há sempre espaço para as almas que queiram viajar conosco. Mesmo que vão de pendura por causa da crise...

A banda começou somente com 2 elementos, depois foram um trio, agora são 4 que compõe os Bizarra Locomotiva. Esperam ser um octeto daqui a uns 20 anos ou param por aqui?
Vou ligar para a Maya para me ver isso no Tarot. Agora que falas nisso também gostava de saber.
De há uns anos para cá somos um quarteto mutante.
Temos um baixista apêndice - Carlos "Twiggy" Santos, que grava os nossos discos e toca conosco ao vivo por vezes quando as condições se proporcionam.
Temos o nosso habitual passageiro siamês - Fernando Ribeiro (Moonspell), que também faz uma ou outra aparição nas nossas estações.
Por isso se calhar tens razão..., daqui a uns anos seremos um Freak Show octeto mutante repleto de apêndices.

É impossível ficar indiferente a um concerto de Bizarra Locomotiva. Para quem estiver a pensar perder peso, é coisa para mandar abaixo quantas calorias?
Eu perco na boa uns 2/3 quilos por concerto. Se tocasse todos os dias desaparecia...! Ou então o nosso rider do catering teria de passar a incluír mais refeições para compensar.

Além dos vossos registos discográficos, vocês também têm t-shirts à venda no vosso merchandising. Porque é que não oferecem uma ao Rui Sidónio?
Nunca viste as BDs do Hulk? Quando se transforma rasga a roupa toda...! Para não falar que por vezes o Rui Sidónio ainda atira os boxers suados para o público. Tem sido uma despesa em Merch que não calculas...

A vossa maquinaria já alguma vez crashou em palco?
Já, várias vezes. Em palcos grandes não aguentava a pressão dos infra-subs e falhava. A última vez que falhou foi no Festival Metal GDL, logo na primeira música. Tivémos de comprar um motor novo. Desde então nunca mais falhou. Sempre afinadinho.

A música "Insulto à Besta" é dedicada a algum banqueiro em especial?
O eixo que oprime é certamente um dos motivos da nossa revolta. O novo disco "Mortuário" fala disso mesmo. É a situação de limbo em que nos encontramos, privados das nossas liberdades e onde esta caixa da morte é tudo menos física.

Se tivessem um convite para tocar 3 músicas num dos programas da tarde da tv, que músicas escolheriam?
Por acaso já tocámos no programa SMS da Serenela Andrade da RTP1 em 2004 que dava ao final da tarde. Foram vários dias seguidos só com Bizarra Locomotiva até.
Foi uma experiência magnífica. Estão no YouTube os vídeos se quiseres relembrar.

(O Laughbanging foi à procura e encontrou um desses vídeos)



Miguel, olhando para o teu percurso musical, a tua evolução para sons mais rock e industriais foi uma coisa natural ou uma recomendação do teu médico de família para evitares as tendinites que aqueles riffs de Thormenthor já te deviam causar?
Já fazia sonoridades industriais muito antes de estar na Bizarra Locomotiva. Sempre habitei na Margem Sul em frente à Lisnave. Aqueles sons cresceram comigo e entranharam-se nas minhas influências e na minha forma de compôr.
A fase tecnicista de Thormenthor, essa sim, foi a evolução posterior.
Quanto às tendinites, quanto muito serão da utilização do rato ao computador nas longas horas de estúdio. Mas desde que começei a fazer Yoga que nunca mais tive.

Um exercício de matemática e de memória: 22 anos de carreira equivalem a quantos recibos verdes?
Equivalem a 22 anos de puro roubo por parte do estado. Sem regalias e sem garantias nenhumas de futuro.

O facto de terem recorrido a Thomas Eberger para a masterização do “Mortuário” é, como se diz no futebol, “Pusemos a carne toda no assador”, “Jogámos para ganhar” ou mesmo “Acarditámos na vitória”?
O Thomas Eberger foi sem dúvida o nosso CR7 para esta jornada. Toda a equipe está motivada no terreno. Temos as tatuagens de guerra, o bigode e barba do Eça de Queiróz. E o Linic faz toda a diferença no remate.

Últimos comentários:
Insulto à Besta

Insulto o eixo que oprime
Suplico-lhe o abandono
Atiço-lhe a oleosa multidão em fuga
Que lambo de língua aguçada
Em luxuriosa cadência

Ao meu toque as palavras murcham
Cataclismos volvidos
Sacudo a poeira em distintas caracteras onde dormitam prazeres idos

Intoxicado
Um país de nómadas estarrece e é devorado pelo sol

Lanço o cordeiro
Sacrifico o pesado falo evocado de miséria
Estremecendo o profundo alicerce
Alternando o soalho de brasas
Ao tecto de lua sem estrelas


Género:
Industrial

Line-up:
Rui Sidonio - Voz
Miguel Fonseca - Guitarras
Alpha - Máquinas
Rui Berton - Bateria

Discografia:
1994 - Bizarra Locomotiva
1995 - First crime, Then live
1996 - Fear Now
1998 - Bestiário
2003 - Homem Máquina
2003 - Cada Homem (single)
2004 - Ódio
2009 - Álbum Negro
2012 - Egodescentralizado (split)
2013 - Bizarra Locomotiva
2015 - Mortuário

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