Se vos pedirmos para nos dizerem bandas de Thrash Metal brasileiras, provavelmente os primeiros nomes que vos vêm à cabeça são Sepultura, Sarcófago... Mas, e se vos dissermos que existe uma banda de Thrash Metal brasileira que não tem nome de caixão? E que são só mulheres? Vá lá! Não fiquem nervosos. Apresentamos-vos as Nervosa.
Qual o apelido/alcunha mais engraçado que vocês já receberam? Nós apelidámos vocês de as “Panicats do Thrash Metal”.
Fernanda: hahahahaha Caralho, mas que puta apelido horrível, com todo respeito! hahaha Exatamente por sermos mulheres, de vez em quando aparecem uns apelidos bem esquisitos, mas nada superou esse de vocês. Espero que a moda não pegue. Haha
Prika: Panicats? Nossa!...hahahaha.. acho que falta muito para sermos isso.
Acham possível algum dia virem a ter um músico masculino na banda ou só aceitam se ele fizer todos os shows de salto alto?
Fernanda: Não só usando salto alto, mas precisa passar maquiagem e tocar com um absorvente no meio das pernas, aí ele vai ver que não é fácil ser mulher e tocar! hahaha Eu particularmente nunca pensei em ter um homem na banda, a proposta da banda não é essa. Nada contra os homens, não é que somos radicais, é que simplesmente somos meninas que queriam tocar com outras meninas.
Prika: Salto alto não porque nem nós usamos, então não podemos exigir isso hahahaha. Eu particularmente não vejo problema de colocar um homem na banda, a proposta da banda é ser somente de mulheres, mas se não fosse possível e tivesse que colocar um homem, eu não vejo problema algum, sempre toquei com homens, pra mim é natural.
Vocês regressaram agora de uma turnê de dois meses pela Europa. Os fãs, os concertos, as coisas boas da tournée nós já sabemos quais são. O que nós queremos saber é quais as coisas más? Estórias engraçadas? Quais aquelas coisas que vocês agora olham para trás e vos fazem rir?
Fernanda: Como essa tour foi um sonho que se realizou pra gente, quase não teve coisa ruim, e quando teve, a gente encarou de forma engraçada, rindo, pra não enlouquecer de ódio! haha As histórias engraçadas são mais as presepadas que a gente se meteu por causa da língua, falando coisa errada em Inglês, se comunicando (ou pelo menos tentando) totalmente por mímica na Rússia e tudo o mais! haha E toda a fase de adaptação a essa nova experiência de tour pra gente também foi engraçada. Por exemplo, a gente alternava entre ser obesa e magrela na tour, pq no começo a gente tava com medo de gastar dinheiro e deixava de almoçar em alguns dias. Daí quando a gente chegou na Espanha, a gente simplesmente comia que nem desesperada hahaha O motorista e tour manager ficava surpreso quando saía pra comer com a gente, ele falou que a gente ganhou de qualquer banda de homem que ele já fez tour em termos de comida. Depois quando chegou na Russia, a gente tinha que carregar toooooodas as nossas coisas escada acima e abaixo TODO DIA, pq todo lugar tinha escada, e eu , pra vc ter uma idéia, emagreci 4 quilos nessa brincadeira! hahaha
Prika: A parte ruim era que alguns dias a gente não dormia nada, mas faz parte e a gente agüentou de boa. Uma coisa engraçada era que eu simplesmente não conseguia dormir na van, e então para passar o tempo eu tirava fotos da Fernanda e da Pitchu enquanto elas dormiam de boca aberta, e fazia umas montagens ótimas, que depois a gente quase morria de tanto dar risada.
Qual foi a sensação de dar shows mais potentes que as bandas dos homens ou, como se diz em inglês, "kick men's ass"?
Fernanda: hahaha Eu não encaro dessa maneira, todas as bandas que fizeram tour com a gente eram de excelente qualidade, então ficava todo mundo no mesmo patamar. Mas tenho que admitir que era engraçado ver a reação das pessoas durante nossos shows, muitas simplesmente não conseguiam acreditar nos seus olhos, parecia que a gente era 3 ETs em cima do palco, pq pelo que me pareceu a galera não tá muito acostumada a ver mulher tocando metal extremo pela Europa, o que no Brasil já é algo bem mais comum.
Prika: Eu nem parei pra pensar nisso, só me preocupei em tomar minhas cervejas e curtir com as bandas que estavam com a gente. Foi algo maravilhoso, muitas histórias e muitas amizades, isso não tem valor.
Quanto tempo demoram a passar pelo detetor de metais nos aeroportos?
Fernanda: hahaha Olha, eu não passei muito tempo pq viajo parecendo uma hippie exatamente pra evitar stress na porra do aeroporto. mas as meninas são mais 'true', tinham que ficar tirando cinto, bota, e tudo o mais.
Prika: Tirando o fato que eu tive que tirar quase tudo de dentro da minha mala porque eu esqueci um abridor de garrafa dentro, sempre passava rápido, mas tinha que tirar meu coturno que eu demorava uns 15 minutos pra amarrar...hahahaha
A ideia da capa do álbum "Victim of Yourself" era retratar o que o povo brasileiro deseja fazer aos políticos e assim acabar com a corrupção, ou tem outro significado?
Fernanda: HAHAHA olha, eu devo admitir que com a atual situação econômica do Brasil, que está em crise, tem muita gente que gostaria de sair esfaqueando político na rua e ogando eles dentro do cemitério. Mas a gente é bem adestradinho, aceita de bom grado toda a corrupção e a merda que eles fazem a gente se submeter. Mas a capa não tem nada a ver com isso, embora as letras sejam bem anti políticos corruptos e tal. A gente só queria mostrar uma imagem bem nítida de uma pessoa sendo vítima dela mesma, sofrendo as consequências dos seus próprios atos.
Prika: A minha vontade não é de dar uma facada nos políticos e sim explodi-los pra evitar que sobre algum pedaço...hahahaha.. mas brincadeiras a parte a capa são duas caveiras uma dando facada na outra que simbolizam uma mesma pessoa que é vitima de si mesmo.
Vocês criaram o gosto pela música e por tocar instrumentos musicais através dos vossos pais. O quão diferente era a ideia que eles tinham sobre o estilo de música que iam tocar?
Fernanda: Da minha família , não tive nenhum problema! Isso porque tanto meu pai quanto minha mãe são headbangers tb, sempre gostaram de metal e me incentivaram muito. Eles só detestaram quando eu comecei a fazer piercing e tatuagem, achavam que eu ia ficar mais feia do que já sou! Hahaha
Prika: Minha vontade de tocar veio das bandas que eu gostava, queria fazer o mesmo, meu pai apesar de tocar violão e viola ele não suportava o fato de eu tocar guitarra, ele dizia que iria estragar meu ouvido...hahaha Minha mãe apesar de curtir rock ela não gostava muito que eu tocasse não, ela queria que eu estudasse e eu era muito rebelde...hahaha.. hoje em dia é diferente.
Ainda conseguem arranjar espaço nas vossas casas para guardar as t-shirts de bandas "old-school" que têm?
Fernanda: hehehe Eu já estou começando a trocar os móveis da minha casa por móveis feitos de camiseta. Vou começar a dormir em cima das minhas camisetas, a assistir TV em cima das minhas camisetas e etc. hahaha Quando eu chego num nível muito hard de quantidade de camiseta old school eu faço umas doações pra pessoas carentes aqui do Brasil. Ajudando a espalhar o metal por aí… haha
Prika: Ta ficando complicado isso aí viu....hahaha... eu tenho apego emocional, não estou conseguindo doar minhas camisetas, porque eu vejo a camiseta do Death, Slayer, Exodus, etc.. todas cinzas de tanto lavar e com um monte de histórias, eu simplesmente não consigo me desfazer porque eu uso ainda!!! Todasss
Seja qual for o estilo musical, é certo que o Brasil tem excelentes músicos tocando. Por isso temos que perguntar: quais os vossos artistas/bandas "guilty pleasures"?
Fernanda: Olha, aqui no Brasil, gosto mais de bandas de metal mesmo. Mas fora daqui eu tenho um monte de guilty pleasures musicais! hahaha Podem me julgar, mas adoro Beyoncé e Amy Winehouse. Tenho certeza que vou ser julgada pelos true metal, mas cara, sou cantora e amo a voz dessas mulheres, vou fazer o quê? Canto Beyoncé no chuveiro mesmo, não tô nem aí! Haha
Prika: Eu não sou uma pessoa muito eclética não, além do metal eu gosto muito de blues, gosto de algumas coisas de jazz e algumas coisas do funk americano. Do Brasil gosto das bandas de rock e metal, blues e de Tim Maia, nada muito além disso.
E já agora, que artistas/bandas brasileiras vocês lamentam que o resto do mundo conheça? Bandas sertanejas?
Fernanda: Olha, tem muita coisa ruim tocando nas rádios aqui, mas eu respeito a maioria, porque pelo menos eles tão fazendo música, tão fazendo arte, não tão fazendo merda, cometendo crime na rua e tudo o mais. Mas por exemplo, aquela música do tal do Michel Teló que virou um hit na Europa me envergonha um pouco por não só musicalmente, mas a letra também é a coisa mais horrorosa do mundo! haha Além disso, tem o tal do 'Funk Brasileiro', que ainda não é conhecido fora do mundo, mas que eu particularmente acho muito muito muito ruim. A batida é tenebrosa, os caras fazem com a boca, e as letras só falam merda, só putaria! haha Tomara que não vire a próxima febre mundial!!!
Prika: Qualquer estilo musical que venha acompanhado da palavra “universitário”, o que significa que é um distorção da originalidade do estilo. Mas a pior vergonha do mundo é do maldito funk carioca que NADA tem de bom, é sempre uma letra horrível muitas vezes com erros de português, com uma “batida” repetida que parece que foi feita com um balde e duas latas de leite condensado que é o mesmo sampler de várias outras “músicas”, e sempre cantado pela pior e mais desafinada voz, não tem nem melodia, e a letra sempre fala de alguma putaria bem escrota, então não há nada que se salve.
Género:
Thrash Metal
Line-up:
Fernanda Lira - Baixo, Voz
Prika Amaral - Guitarras
Pitchu Ferraz - Bateria
Discografia:
2012 - 2012 (demo) / Time of Death (EP)
2014 - Victim of Yourself
Páginas oficiais:
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