24 janeiro, 2017

Sabes que estás velho quando...

Os que vêem o copo meio cheio chamam-lhe amadurecimento. Já para os mais pessimistas, o avançar da idade não é mais do que ficar velho, podre e decrépito. Enfim, coisa digna de uma capa de Cannibal Corpse. Está atento aos sinais!

Sabes que estás velho quando:

Mal entras no recinto de um concerto, procuras por um espaço para te poderes sentar.

Estás tão feio ao ponto de desconhecidos te perguntarem se tocas em Slipknot.

Outrora ágil e rápido, a tua mobilidade é cada vez mais parecida à de um álbum de Desire.

O teu casamento foi numa altura em que o heavy metal ainda não tinha sido inventado.

Usas cada vez mais roupa preta, não só porque és metaleiro, mas também porque os teus amigos de infância começam a falecer.

A última vez que fizeste headbanging foi quanto estiveste com gripe e a tua mãe te perguntou se querias uma canja de galinha, e tu, de termómetro na boca, abanaste a cabeça dizendo que sim.

Ao assistir a um concerto, preferes ficar o mais atrás possível para evitar a confusão, mesmo que não consigas ver nada.

O zumbido nos ouvidos após o concerto demora 1 semana a passar.

Ficas doente com mais facilidade, ao ponto de te poderes constipar só porque estiveste a ouvir Immortal.

Os teus exames médicos mais parecem as letras de Carcass.

Adoras passar boa parte do dia a conversar sobre os bons tempos da cassete e da fanzine a preto e branco.

Queres ouvir uma banda na qual tens o cd e mesmo assim sacas o álbum pela internet só para não ter de levantar e ir à estante buscá-lo.

A tua visão começa a falhar, podendo dar-se o caso de olhares para o vocalista de Anthrax e te questionares quem é aquela gaja.

Começas a trocar o nome dos álbuns das bandas, sendo provável que venhas a dizer coisas do género: “O meu álbum favorito de Slayer é o “Roots.””

Substituis o headbanging e o slamdancing por simplesmente bater com o pézinho.

Falam-te de uma banda nova que não conheces e, para não dares parte fraca, aproveitas-te do facto de estares velho e dizes “Bem, já são 9 da noite. Tenho de me ir deitar.”

Chocas as pessoas com as tuas opiniões controversas, do género: “Estou-te a dizer! O Rob Halford só consegue fazer aqueles agudos porque é maricas.”

O médico proíbe-te de ouvires Dragonforce. Faz-te subir a tensão.

Vibras quando a banda diz que vai tocar a última música, mesmo que seja a tua banda preferida, só porque queres ir para casa.

O guitarrista atira uma palheta que cai mesmo ao teu lado e não te apetece baixar para apanhá-la.

Fazes crowdsurfing e adormeces a meio.

Demoras mais tempo a beber uma cerveja porque estás cansado.

Estás com vontade de ir ver um concerto mas sempre que chega o dia não te apetece ir.

As tuas idas à casa de banho são uma mistura entre Extreme Noise Terror e Nuclear Assault.

Já não consegues ouvir o baixo em Overkill.

(Artigo publicado na revista Ultraje #4 - Abril / Maio 2016)

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