23 fevereiro, 2015

Laughbanging entrevista José Luis Peixoto

O nosso entrevistado tocou guitarra numa banda grindcore chamada “Hipocondríacos”. Também é escritor mas não sabemos se isto vos interessa pois o que não falta por aí são metaleiros que não ligam nenhuma às letras.
Foi com orgulho que entrevistámos José Luís Peixoto que nos revelou muito sobre a escrita e o heavy metal desta forma divertida e disparatada, como já é hábito das conversas com o Laughbanging.


Gostas de heavy metal, vestes-te de preto, tens piercings e tatuagens. Como é que correram as sessões de autógrafos do livro infantil "A Mãe Que Chovia"? Havia mães que iam ter contigo a medo ou, pelo contrário, ficaram atraídas por ti?
Normalmente, nessas sessões de autógrafos, disfarço-me de coelhinho para não ferir sensibilidades.

No início da tua carreira como escritor, quando enviavas um livro para análise a uma editora, também lhes pedias que devolvessem o selo dos Correios?
Pedia sempre. Nesse tempo, como eram modernos, costumavam devolvê-los por fax.

Para quando um livro em que na capa surges a fazer headbanging, vestido com um colete de ganga no qual constam vários remendos, não com o nome de bandas, mas sim de escritores?
Muito obrigado por teres revelado a capa do meu próximo livro... Agora estragaste tudo. Vou ter de arranjar nova capa.

Em 2010 lançaste um livro com o nome de... "Livro". Qual foi o processo criativo que tiveste até chegar a este título? Chegou a ter algum título provisório, como por exemplo: "Folhas"?
Durante algum tempo chamou-se "Pedra" e não era em papel, era em granito. A editora fez-me ver que era pouco prático (o Continente recusava-se a distribuí-lo). Foi então que pensei em papel e, logo a seguir, no título "Livro".

Para quando um livro infantil sobre a história real de uma banda de grindcore chamada "Hipondríacos"?
Brevemente. Com muita probabilidade no segundo semestre de 2035. Vai ser a grande aposta da editora para o Natal.

Sendo tu um ex-músico de grindcore, o que achas da profundidade literária das bandas desse género musical?
Depois de esgotadas as possibilidades estruturais, nomeadamente as sintácticas, acho que é fundamental tomá-las palavra a palavra e analisá-las de uma perspectiva etimológica e, só por fim, atentar na sua dimensão fonética. Qualquer interpretação que não tenha estes parâmetros em consideração revela má fé.

Como são as groupies da literatura?
Costumam andar de camisa de flanela aos quadrados, têm uma barriguinha, estão a começar a ficar calvas e chamam-se Tózé.

Falemos dos teus filhos. As tuas maiores discussões com eles têm que ver com o quarto continuar por arrumar ou por ainda não terem ouvido os CDs que o pai mandou?
Raramente consigo discutir com eles. Só desligam o Black Metal para dormir.

Se houvesse um festival de leitura onde os escritores pudessem ler excertos dos seus livros num grande palco onde fosses tu o headliner, que escritores é que gostavas que actuassem antes de ti?
Não sou esquisito, qualquer escritor local estaria bem. Não haveria problema de usar o meu PA.

Que bandas e álbuns fizeram-te soltar um grande “Morreste-me”?
Sepultura, por exemplo.

Últimos comentários:
Últimos? Não estou a perceber... Mas a entrevista já começou?


Bibliografia:
Morreste-me (Prosa, 2000)
Nenhum Olhar (Romance, 2000)
A Criança em Ruínas (Poesia, 2001)
Uma Casa na Escuridão (Romance, 2002)
A Casa, a Escuridão (Poesia, 2002)
Antídoto (Prosa, 2003)
Cemitério de Pianos (Romance, 2006)
Cal (Prosa e Teatro, 2007)
Gaveta de Papéis (Poesia, 2008)
Livro (Romance, 2010)
Abraço (Prosa, 2011)
A Mãe que Chovia (Infantil, 2012)
Dentro do Segredo (Viagens, 2012)
Galveias (Romance, 2014)

Páginas oficiais:
http://www.joseluispeixoto.net/
https://www.facebook.com/joseluispeixoto

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